Pronto: admito que nem tudo é mau nesta cidade. Há pequenos tesouros aqui; um tudo nada afastados dos olhares dos cidadãos, como compete a todo o tesouro, mas eles existem. Numa cidade que, vista de cima, não passa de um amontoado de telhados de todos os tons possíveis de preto e de artérias, das mesmas cores, muradas de objectos de arte arquitectural do século XIX mas salpicadas de autocarros fedorentos em movimento abelheiro, pois numa cidade assim... há falcões!
Que eles existem nas florestas deste país, já não é novidade. Que nas florestas do nosso país rareiem, também não. Mas que surjam sobre um telhado ferrugento de um armazém do Estado — a dois passos da estação ferroviária principal, e de um estaleiro onde se trabalham metais, e de uma unidade de empacotamento de tabaco, e de uma empresa que manipula tintas —, isso já é motivo de espanto. Perdão, de admiração. Melhor: de deslumbramento!
Este falcão-mensageiro (tradução directa) de que falo, meu vizinho de "birú", não só se delicia com ratos e andorinhas no dito telhado como tem casa montada nas águas-furtadas do dito armazém. É um falcão citadino.
(este apontamento é especialmente endereçado ao RR, que acha que eu só aprecio o lado mau desta cidade – também me encantam os falcões citadinos que, como tu e eu, respiram este ar poluído por centenas de autocarros circulando vazios...)
segunda-feira, 11 de julho de 2005
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