quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007
Os vendilhões do templo
Li recentemente que o ministro das Classes Médias (deliciosa pasta esta. As Classes Baixas têm para si o Ministério da Defesa; as Classes Altas, todos os outros), um tal de Boden, vai dedicar 3,3 milhões de euros a um comité que tem por missão incrementar o comércio do Luxamburgo e torná-lo «no pólo comercial da Grande Região». O presidente desse comité tem montes de ideias para como utilizar esse dinheiro (para além de no seu salário): «um concurso em que as pessoas vão dizer a sua loja favorita» e «uma sondagem para conhecer melhor as pessoas que compram coisas aqui». Génio. Então e quais são os pontos fortes do comércio nesta vibrante economia de mercado? «O multiculturalismo dos seus consumidores». Ou seja, os pontos fortes dos comerciantes daqui são... os compradores. Tá certo. E os pontos fracos? «Sem dúvida, o atendimento. Toda a gente o diz, temos que fazer aqui um esforço.» Não disse como, mas presumo que umas réguadas nas mãos dos comerciantes possam ajudar... E mais? «Nas lojas utiliza-se sempre o francês, e alguns luxemburgueses não gostam». Brilhante. Mas como os luxemburgueses trabalham todos no sector público, é difícil convencê-los a trabalhar como repositor ou caixa no Auchan e a gastar mais do que o seu salário só na renda do apertamento. É pena, porque seria indubitavelmente um grande incentivo para atrair ávidos consumidores da Grande Região que todos regurgitassem nada mais que luxemburguês atrás do balcão. Mais algum ponto fraco? «Os nossos concorrentes, sobretudo os alemães, fazem uma publicidade muito violenta sobre os nossos preços mais altos». Malandros, é o que eles são. Ainda ninguém tinha notado e pimba!, lá vêm esses gunas querer desviar os nossos queridos pato... clientes só porque vendem os mesmos artigos mais baratos.
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6 comentários:
LOL!
Não vejo onde está a graça...
A berdade num tem graça; intristece!
O governo quer fazer do burgo um polo comercial? É uma piada, amigos! Para isso era preciso que o lobby dos comércios das familias burguesas fosse vencido e deixa-se de barrar caminho às FNAC e outras megastores. Mas como eles não precisam (pensam eles!), podem continuar a ditar horarios e (maus) modos. O Monopol tambem pensava assim e desapareceu. Nem fiquei admirado! E outros hão-de seguir se continuarem a tratar os clientes como tratam. Enquanto entrar numa loja e sentir que estou a incomodar sinto-me insultado. Os clientes insurgem-se, trocam a capitalzinha por compras além da fronteira próxima, o turista queixa-se ao Tourist Office da frieza com que é acolhido, das cidades desertadas após o crepúsculo, mas o monolitismo das mentes(captas) dos comerciantezinhos do templo não muda.
Ora nem mais... Bem dito...
É só uma questão de atitude. Basta que os turistas (incluindo todos nós que cá vivemos) visitem o Luxemburgo como quem vai ao jardim zoológico. Os macacos estão atrás do balcão, nós atiramos-lhes amendoins (redondinhos e de metal sonante) e eles grunhem e atiram-nos merda.
*Fialho*
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