A "silly season", como o seu nome indica, leva-nos a fazer coisas que nunca faríamos em situações normais. Deve ser do sol ou do calor, mas qualquer que seja a explicação não me sinto menos "silly" por fazer coisas de que me envergonho depois.
Ontem foi domingo. Para ontem esteve marcado um churrasco organizado pelos meus amigos que, assutados com a chuva do fim-de-semana, decidiram anular todos os planos. O magnífico dia que despontou ontem convenceu apenas o Roso a levar avante o projecto. Como os meus amigos são todos pessoas muito organizadas, nenhum conseguiu reagir com um prazo tão curto e disseram todos ao Roso que não ou que depois passavam por lá para dar duas de conversa.
O Roso comprou os necessários apetrechos numa bomba de gasolina e lá foi com a família. Eu disse-lhe que lhe faria uma visita durante a tarde até porque tinha curiosidade quanto ao sítio que o Ip sugeriu para este churrasco.
Ó Roso, diz-me lá que é que tenho de meter no GPS para ir ter aí. O Roso explicou que não havia nenhum nome de rua naquele canto do Mosela mas que lhe ligasse quando chegasse a Remerschen. Assim fiz, mas não era preciso. A minha co-pilota, à medida que nos aproximávamos do local, começava a temer o pior. Tenho a impressão que já vim a este sítio, e mais do que uma vez, dizia temerosa. Pensei que ela exagerava, e que tinha más recordações dum locval onde vinha com o seu ex que, como toda a gente sabe, é um filho da puta resmengo.
Liguei ao Roso para confirmar e ele disse-me: estás aqui. É mesmo aí, estou a ver o teu carro!
A minha primeira impressão foi péssima. Carros havia umas centenas e pessoas com ar de caxineiros passeavam-se pelas ruas que davam acesso a uma pequena barraca onde se vendiam os bilhetes de acesso. E o pessoal paga para ir práli?!
Também pagámos. 5 euros por duas pessoas. Entrados no recinto a visão é dantesca. O sítio até é capaz de ser bonito se for visitado por um casal com o cio, mas a visão de corpos besuntados e o cheiro de acendalha proveniente dos grelhadores demove qualquer um. Eu, como queria, pelo menos, dizer olá ao meu amigo, insisti e atravessei o relvado de ervas daninhas entre a barriga do senhor Costa e a celulite da madame Schmitt sempre ao som do músioca cabo-verdiana que provinha do rádio de pilhas da família Da Luz.
Quando me sentei ao pé do Roso pude admirar o local e os seus ocupantes com mais vagar, com acompanhamentos musicais tão misturados como os cheiros de sardinha, thüringer e líquido de acender os barbecues. Eu nunca fiz campismo, mas é assim que imagino um parque cheio de gente num dia de Verão. Nem sequer faltam as bichas para as casas-de-banho nem os miúdos a jogarem à bola, ao frisbee e badminton com aquelas raquetes de madeira de praia.
Porque raio é que o Ip nos convenceu a vir práqui com tantas florestas bonitas e agradáveis que o Luxemburgo tem para oferecer? A minha inquilina recusou-se a ficar mais de meia hora e explicou: já aqui passei das tardes mais aborrecidas da minha vida com o meu ex, não me obrigues tu a repetir a dose. Achei que ela tinha razão. Que ir a banhos aqui é demasiado kitsch e proletário para os meus gostos refinados. Posso ser um burgesso, mas sou um burgesso com gostos de luxo.
Ainda por cima, não vi sequer uma única gaja boa. E a única que a minha miopia achava comestível estava sempre a olhar pró Roso, a crer naquilo que ele me disse mal cheguei.
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