domingo, 11 de fevereiro de 2007

A propósito do post precedente...

O texto que se segue foi publicado neste blogue em Setembro de 2003; e como prova o post anterior, mantém toda a sua actualidade. Por isso, e porque nada mudou, aqui fica outra vez:

Sempre gostei de salões de chá. A minha mãe, e mais frequentemente a minha tia-avó, levavam-me até cafés para senhoras que se chamavam salões de chá. Para mim era indiferente o tipo de clientela que frequentava esses locais, iguais aos outros cafés ou pastelarias.
Sempre gostei, contudo, das maneiras dos empregados. Nesses sítios que a Tiji frequentava, eram mais simpáticos que na pastelaria Moderna ou no café Albano e as senhoras pareciam ser todas amigas de velha data. Lembro-me da Xai Xai, no Porto, e do Mário, em Amarante, onde os bolos (quem não for do norte substitua por pastéis para melhor compreensão) eram excelentes e mesmo ali ao lado podiam comprar-se os cromos de todas as colecções que eu andava a fazer, incluindo os raríssimos autocolantes de "O Mundo de Fúria".
No Luxemburgo há muitos salões de chá. A tradição e a idade dos habitantes do Grão-Ducado garante um mercado estável. Talvez seja por isso que nessas casas o atendimento seja dos piores neste país, que já tem, de qualquer forma, como ex-libris comercial a antipatia.
As piores casas de chá são aquelas que se promoveram ao nível de salão-de-chá/traiteur/restaurante. O crescimento forçado abalou definitivamente as estruturas e o limitado profissionalismo dos empregados, difíceis de encontrar, complica as coisas. E quem paga a factura é a clientela.
Os preços, naturalmente, aumentaram quando a subida de divisão se fez, mas o pior preço a pagar é o tempo que se passa: meia hora à espera de uma pizza aquecida no micro-ondas ou quinze minutos é o tempo que demora um sumo de laranja a ser espremido.
Ontem, num desses estabelecimentos uma senhora alemã dirigiu-se ao gerente, que por acaso estava atrás do balcão, dizendo que, cliente há trinta anos daquela casa, nunca tinha sido tão mal servida. Nem o facto de a reclamação ter sido feita numa língua ideal para protestar fez o senhor levantar os olhos dos capuccinos que preparava. Só no momento de lhe dar o troco balbuciou: "estamos desesperados de trabalho. Muitos clientes na esplanada!".
É verdade, o longuíssimo Verão 2003 (graças a Deus!) apanhou desprevenidos muitos restauradores, mas essa desculpa não serve para o resto do ano, em que o serviço sempre foi lento e a maioria dos empregados antipáticos e desagradáveis. Ontem, eliminei as minhas teorias da falta de formação e da inexperiência. Afinal a antipatia e a falta de respeito transmite-se directamente do "senhor Oberweis" ou do "senhor Kohler" desde o alto da pirâmide até ao mais jovem aprendiz.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Os vendilhões do templo

Li recentemente que o ministro das Classes Médias (deliciosa pasta esta. As Classes Baixas têm para si o Ministério da Defesa; as Classes Altas, todos os outros), um tal de Boden, vai dedicar 3,3 milhões de euros a um comité que tem por missão incrementar o comércio do Luxamburgo e torná-lo «no pólo comercial da Grande Região». O presidente desse comité tem montes de ideias para como utilizar esse dinheiro (para além de no seu salário): «um concurso em que as pessoas vão dizer a sua loja favorita» e «uma sondagem para conhecer melhor as pessoas que compram coisas aqui». Génio. Então e quais são os pontos fortes do comércio nesta vibrante economia de mercado? «O multiculturalismo dos seus consumidores». Ou seja, os pontos fortes dos comerciantes daqui são... os compradores. Tá certo. E os pontos fracos? «Sem dúvida, o atendimento. Toda a gente o diz, temos que fazer aqui um esforço.» Não disse como, mas presumo que umas réguadas nas mãos dos comerciantes possam ajudar... E mais? «Nas lojas utiliza-se sempre o francês, e alguns luxemburgueses não gostam». Brilhante. Mas como os luxemburgueses trabalham todos no sector público, é difícil convencê-los a trabalhar como repositor ou caixa no Auchan e a gastar mais do que o seu salário só na renda do apertamento. É pena, porque seria indubitavelmente um grande incentivo para atrair ávidos consumidores da Grande Região que todos regurgitassem nada mais que luxemburguês atrás do balcão. Mais algum ponto fraco? «Os nossos concorrentes, sobretudo os alemães, fazem uma publicidade muito violenta sobre os nossos preços mais altos». Malandros, é o que eles são. Ainda ninguém tinha notado e pimba!, lá vêm esses gunas querer desviar os nossos queridos pato... clientes só porque vendem os mesmos artigos mais baratos.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Os culpados


O encontro de bloggers foi tão bom, mas mesmo tão bem feito, que até foi possível que alguém fizesse parecer bonitos (quando só o facto de os juntar na mesma foto já ser uma enorme vitória...) os três culpados.
Culpados de quê? Bom, por enquanto de nada. Mas alguma coisa se há-de arranjar, certamente. Assim poupa-se tempo.