domingo, 26 de junho de 2005

Epitáfio

Na minha campa, por baixo do nome, façam inscrever o seguinte: "Eu bem vos dizia que não me andava a sentir bem..."

sexta-feira, 24 de junho de 2005

A festa nacional

Este ano não fui à festa. Decidi ver o fogo do remanso do meu patamar. Estranhamente não senti a falta da turba bêbeda, dos amigos perdidos no caminho pró Grund e das manchas de cerveja na minha camisa nova.
Uns amigos disseram-mne que foi giro. Uqe havia música e muita gente (a sério?!?) e que até tocou uma banda de putos tugas (mais uma?).
Quando não se sai de casa entre as 18 do dia 22 e a manhã do dia 23 nem se nota que houve festa. No dia 23 ao meio-dia estava tudo limpinho, arrumadinho e ninguém adivinhava que tinha havido uma festa a não ser quem telefonasse para o escritório do Hugo e ouvisse a voz de sono: "toueee?".

segunda-feira, 20 de junho de 2005

Os buses são pós tugas!

Espanta-me a falta de solidariedade da Minhoca que ataca os autobuses como se se tratasse de um atentado à cidade. Nada mais errado. Os autobuses, toda a gente sabe, existem para que tu, Minhoca e outros vermes como tu, deixem os carrinhos em casa. Para evitar a fumaça. E isso dos autobuses criaram fumaça é mentira. Até há um que anda a hidrofuel ou pilha atómica ou lá o que é.
E depois um portuga não pode criticar os autobuses. Afinal, eles foram feitos para nós! É uma das muitas provas de como somos amados neste país de acolhimento que é o nosso.
Entra um dia num autobus Minha, ó entra. E vais ver que só se escuta a língua de Camões. Uma delícia. Nos autobuses é dos poucos sítios, tirando Gude Frende, onde ainda se pode praticar a língua portuguesa. Não acabem com eles. E até ouvi dizer que a comuna ia começar a recrutar portugueses para os conduzirem; desde que aceitassem ser luxemburgueses e passassem o brevet de piloto de linha.

Paris já está a fumegar?

A temperatura e mais não sei quê fizeram Paris mergulhar na penumbra fumarenta a que se convencionou chamar poluição. No Luxemburgo nada foi registado, apesar do número de autocarros vazios que circulam, incessantemente, pelo centro da cidade. Esses belos mamutes da mecânica, que lançam para o ar mais pivete do que a grega que trabalha connosco, e que chegam a formar muralhas da china estendendo-se, a partir da plass amiliuz, pela aveniu da libertê abaixo, participam em duas grandes campanhas nacionais: (1) fazer crer que a vila é uma cidade cosmopolita, (2) criar úlceras nervosas aos indivíduos, como eu, que querem utilizar as ruas na função para a qual elas foram concebidas.
Dou um chupa-chupa a quem, às horas e meias-horas, contar menos de 17 autocarros entre a ponte do adolfo e a praça dos comboios. Em cada sentido!!!

sexta-feira, 17 de junho de 2005

Escândalo

Muitos leitores assistiram a jogos dos Lusitanos em "casa" e recordam-se do estado daquele terreno: pesado, irregular, com sugestões de relva aqui e ali – quando chovia ficava um desastre. E, porque chove regularmente neste país, em mais de metade da duração do campeonato o campo era um lamaçal permanente. Os dirigentes desportivos pediam obras, suplicavam "um jeitinho" ao proprietário (a Câmara do Luxemburgo), para evitar lesões, sempre iminentes. O máximo que obtinham, de quando em quando, era que passasse uma máquina niveladora; o mal mantinha-se. E o Lusitanos ia pagando. E não era pouco.
Passem por lá agora! Está um luxo! Talvez nem os estádios das principais equipas portuguesas tenham relvados do nível daquele… Pudera! Dantes, quem jogava lá eram portugueses (embora pagando, não passavam de simples portugueses). Agora, são pessoas respeitáveis… Embora não pagando, continuam a ser pessoas consideráveis.
É um escândalo.

terça-feira, 14 de junho de 2005

Dia da Raça

Junho até começou bem (comprei um casaco novo), mas já há uns dias que tenho pesadelos e durmo sobressaltado. Foi graças a um daqueles momentos de alegre desatenção: desligava eu a minha Playstation e, talvez inebriado pela goleada que tinha acabado de inflingir no PES4, deixei que o televisor deslizasse até à malfadada RTPi. O cérebro estremunhado começou a enviar-me sinais de alerta, mas demorei até encontrar, trémulo, o comando salvador; foi o suficiente para vislumbrar os inanes que vieram ao Luxamburgo como quem vem ao jardim zoológico, a pretexto do Dia da Raça. A fauna que por lá pululava lembrou-me Diógenes: «quanto mais conheço os homens mais gosto do meu cão». Eu quanto mais conheço alguns pseudo-tugas, menos vontade tenho de festejar o Dia da Raça.