Eu gostava de ver os falcões-mensageiros. Sempre gostei de aves de rapina. Ainda em Portugal lia com atençaõ todos os livros ilustrados de aves exóticas e nem por isso. Aqui nunca vi nenhum falcão, nem mensageiro, nem peregrino. Só conheci o Zé Falcão que tinha uma tasca em Differdange mas que já voltou p'rá terra dele em Vouzela ou algo assim.
Mas porque é que eu não vejo os falcões? Talvez porque não ando de autobus. Talvez porque de carro tenha de me concentrar nos fogos e nos pietões, deixando assim o meu espaço aéreo desprotegido.
E no escritório? Bem, lá costumo trabalhar. Não tenho a sorte de certos vermes que passam a vida no escritório a olhar pela janela, a ver os falcões a devorarem ratazanas. E aproveito para lembrar ao Minhoca que entre ele e o falcão há pelo menos duas etapas da cadeia alimentar...
terça-feira, 12 de julho de 2005
segunda-feira, 11 de julho de 2005
Falcão citadino
Pronto: admito que nem tudo é mau nesta cidade. Há pequenos tesouros aqui; um tudo nada afastados dos olhares dos cidadãos, como compete a todo o tesouro, mas eles existem. Numa cidade que, vista de cima, não passa de um amontoado de telhados de todos os tons possíveis de preto e de artérias, das mesmas cores, muradas de objectos de arte arquitectural do século XIX mas salpicadas de autocarros fedorentos em movimento abelheiro, pois numa cidade assim... há falcões!
Que eles existem nas florestas deste país, já não é novidade. Que nas florestas do nosso país rareiem, também não. Mas que surjam sobre um telhado ferrugento de um armazém do Estado — a dois passos da estação ferroviária principal, e de um estaleiro onde se trabalham metais, e de uma unidade de empacotamento de tabaco, e de uma empresa que manipula tintas —, isso já é motivo de espanto. Perdão, de admiração. Melhor: de deslumbramento!
Este falcão-mensageiro (tradução directa) de que falo, meu vizinho de "birú", não só se delicia com ratos e andorinhas no dito telhado como tem casa montada nas águas-furtadas do dito armazém. É um falcão citadino.
(este apontamento é especialmente endereçado ao RR, que acha que eu só aprecio o lado mau desta cidade – também me encantam os falcões citadinos que, como tu e eu, respiram este ar poluído por centenas de autocarros circulando vazios...)
Que eles existem nas florestas deste país, já não é novidade. Que nas florestas do nosso país rareiem, também não. Mas que surjam sobre um telhado ferrugento de um armazém do Estado — a dois passos da estação ferroviária principal, e de um estaleiro onde se trabalham metais, e de uma unidade de empacotamento de tabaco, e de uma empresa que manipula tintas —, isso já é motivo de espanto. Perdão, de admiração. Melhor: de deslumbramento!
Este falcão-mensageiro (tradução directa) de que falo, meu vizinho de "birú", não só se delicia com ratos e andorinhas no dito telhado como tem casa montada nas águas-furtadas do dito armazém. É um falcão citadino.
(este apontamento é especialmente endereçado ao RR, que acha que eu só aprecio o lado mau desta cidade – também me encantam os falcões citadinos que, como tu e eu, respiram este ar poluído por centenas de autocarros circulando vazios...)
domingo, 26 de junho de 2005
Epitáfio
Na minha campa, por baixo do nome, façam inscrever o seguinte: "Eu bem vos dizia que não me andava a sentir bem..."
sexta-feira, 24 de junho de 2005
A festa nacional
Este ano não fui à festa. Decidi ver o fogo do remanso do meu patamar. Estranhamente não senti a falta da turba bêbeda, dos amigos perdidos no caminho pró Grund e das manchas de cerveja na minha camisa nova.
Uns amigos disseram-mne que foi giro. Uqe havia música e muita gente (a sério?!?) e que até tocou uma banda de putos tugas (mais uma?).
Quando não se sai de casa entre as 18 do dia 22 e a manhã do dia 23 nem se nota que houve festa. No dia 23 ao meio-dia estava tudo limpinho, arrumadinho e ninguém adivinhava que tinha havido uma festa a não ser quem telefonasse para o escritório do Hugo e ouvisse a voz de sono: "toueee?".
Uns amigos disseram-mne que foi giro. Uqe havia música e muita gente (a sério?!?) e que até tocou uma banda de putos tugas (mais uma?).
Quando não se sai de casa entre as 18 do dia 22 e a manhã do dia 23 nem se nota que houve festa. No dia 23 ao meio-dia estava tudo limpinho, arrumadinho e ninguém adivinhava que tinha havido uma festa a não ser quem telefonasse para o escritório do Hugo e ouvisse a voz de sono: "toueee?".
segunda-feira, 20 de junho de 2005
Os buses são pós tugas!
Espanta-me a falta de solidariedade da Minhoca que ataca os autobuses como se se tratasse de um atentado à cidade. Nada mais errado. Os autobuses, toda a gente sabe, existem para que tu, Minhoca e outros vermes como tu, deixem os carrinhos em casa. Para evitar a fumaça. E isso dos autobuses criaram fumaça é mentira. Até há um que anda a hidrofuel ou pilha atómica ou lá o que é.
E depois um portuga não pode criticar os autobuses. Afinal, eles foram feitos para nós! É uma das muitas provas de como somos amados neste país de acolhimento que é o nosso.
Entra um dia num autobus Minha, ó entra. E vais ver que só se escuta a língua de Camões. Uma delícia. Nos autobuses é dos poucos sítios, tirando Gude Frende, onde ainda se pode praticar a língua portuguesa. Não acabem com eles. E até ouvi dizer que a comuna ia começar a recrutar portugueses para os conduzirem; desde que aceitassem ser luxemburgueses e passassem o brevet de piloto de linha.
E depois um portuga não pode criticar os autobuses. Afinal, eles foram feitos para nós! É uma das muitas provas de como somos amados neste país de acolhimento que é o nosso.
Entra um dia num autobus Minha, ó entra. E vais ver que só se escuta a língua de Camões. Uma delícia. Nos autobuses é dos poucos sítios, tirando Gude Frende, onde ainda se pode praticar a língua portuguesa. Não acabem com eles. E até ouvi dizer que a comuna ia começar a recrutar portugueses para os conduzirem; desde que aceitassem ser luxemburgueses e passassem o brevet de piloto de linha.
Paris já está a fumegar?
A temperatura e mais não sei quê fizeram Paris mergulhar na penumbra fumarenta a que se convencionou chamar poluição. No Luxemburgo nada foi registado, apesar do número de autocarros vazios que circulam, incessantemente, pelo centro da cidade. Esses belos mamutes da mecânica, que lançam para o ar mais pivete do que a grega que trabalha connosco, e que chegam a formar muralhas da china estendendo-se, a partir da plass amiliuz, pela aveniu da libertê abaixo, participam em duas grandes campanhas nacionais: (1) fazer crer que a vila é uma cidade cosmopolita, (2) criar úlceras nervosas aos indivíduos, como eu, que querem utilizar as ruas na função para a qual elas foram concebidas.
Dou um chupa-chupa a quem, às horas e meias-horas, contar menos de 17 autocarros entre a ponte do adolfo e a praça dos comboios. Em cada sentido!!!
Dou um chupa-chupa a quem, às horas e meias-horas, contar menos de 17 autocarros entre a ponte do adolfo e a praça dos comboios. Em cada sentido!!!
sexta-feira, 17 de junho de 2005
Escândalo
Muitos leitores assistiram a jogos dos Lusitanos em "casa" e recordam-se do estado daquele terreno: pesado, irregular, com sugestões de relva aqui e ali – quando chovia ficava um desastre. E, porque chove regularmente neste país, em mais de metade da duração do campeonato o campo era um lamaçal permanente. Os dirigentes desportivos pediam obras, suplicavam "um jeitinho" ao proprietário (a Câmara do Luxemburgo), para evitar lesões, sempre iminentes. O máximo que obtinham, de quando em quando, era que passasse uma máquina niveladora; o mal mantinha-se. E o Lusitanos ia pagando. E não era pouco.
Passem por lá agora! Está um luxo! Talvez nem os estádios das principais equipas portuguesas tenham relvados do nível daquele… Pudera! Dantes, quem jogava lá eram portugueses (embora pagando, não passavam de simples portugueses). Agora, são pessoas respeitáveis… Embora não pagando, continuam a ser pessoas consideráveis.
É um escândalo.
Passem por lá agora! Está um luxo! Talvez nem os estádios das principais equipas portuguesas tenham relvados do nível daquele… Pudera! Dantes, quem jogava lá eram portugueses (embora pagando, não passavam de simples portugueses). Agora, são pessoas respeitáveis… Embora não pagando, continuam a ser pessoas consideráveis.
É um escândalo.
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