Reproduzo um artigo de blogue de Miguel Frasquilho, pelo seu interesse evidente.
Esta semana, soube-se que a gigante norte-americana Yahoo! preferiu o Luxemburgo à "nossa" Madeira, para instalar a sua plataforma electrónica europeia.
Depois de ter negociado com a Sociedade de Desenvolvimento da Madeira a instalação desta plataforma em território português, na chamada "pérola do Atlântico", afinal, a Yahoo! optou por outras paragens.
E por que terá isto sucedido? Porque, com a subida da taxa normal de IVA decidida pelo Governo, para 21%, a taxa praticada na Madeira subiu dos anteriores 13% para 15%. E, assim, a Madeira deixou de ser a região da União Europeia com taxa de IVA mais baixa, tendo passado para uma situação de igualdade com outros Estados-membros, entre os quais saliento o Luxemburgo.
Ora, a partir do momento em que a vantagem fiscal desapareceu, e dado que o Luxemburgo tem um melhor posicionamento geográfico (mais central na Europa), menores níveis de burocracia e melhor qualificação de recursos humanos, a Yahoo! optou, naturalmente (e infelizmente para nós...) por escolher aquele país para instalar a "tal" plataforma electrónica na Europa que, de acordo com as regras comunitárias, prestaria serviços que seriam tributados à taxa de IVA em vigor no país escolhido.
Este exemplo é bem elucidativo da importância que a competitividade fiscal tem hoje em dia na localização de empresas, sejam elas originárias de onde forem. No nosso caso, dado que temos desvantagens enormes face à realidade europeia - como as acima identificadas pior localização geográfica, maior burocracia e pior qualificação de recursos humanos, e ainda, acrescento eu, uma legislação laboral mais rígida e uma justiça "tão-lenta-que-às-vezes-até-parece-que-nem-funciona" - essa importância é ainda maior.
Neste caso, dado que a fiscalidade deixou de ser vantagem, pronto, a deslocalização aconteceu mesmo.
Mas, grave, grave mesmo é que tenhamos um Primeiro Ministro (PM) que já por uma vez, na Assembleia da República, me transmitiu, textualmente, que "(...) não acredito em nada do que você defende no domínio fiscal!".
Pois, Sr. PM, sem querer "puxar a brasa à minha sardinha", seria bom que passasse a acreditar. Porque esta é a realidade e nada há a fazer.
Se quereis continuar a ler, ide directamente ao artigo, carregando aqui.
terça-feira, 18 de outubro de 2005
sexta-feira, 30 de setembro de 2005
Cuidado, eles "andem" aí
Uma nova sub-espécie de tuga surge neste frenesim orgásmico pré-eleições locais grão-ducais: o candidato-fantasma.
Principais características: é criado em cativeiro em apenas algumas semanas (ou mesmo dias), não precisa de farinha de engorda nem de alpista, não precisa de estar inscrito nos cadernos eleitorais, não precisa de poder votar nele próprio, não precisa de saber distinguir a mão esquerda da direita, não precisa de saber falar luxemburguês ou português. Não precisa sequer de saber falar. Não importa se é dos azuis ou dos vermelhos mas quer comprar um gravata verde para "estar janota" no dia 9. Não faz mal se não sabe dizer o nome do partido e o que este defende nem o que a sigla significa.
Requisitos exigidos: Basta ser trigueiro, baixinho, ter barriga de cerveja, bigode (se for mulher é uma mais-valia!), se possível maçãs de rosto vermelhuscas do "tinto" e saber soletrar aproximadamente "caralho".
Ensinaram-lhe umas habilidades circenses para causar efeito antes do dia 9: abanar a cabecinha ora pra cima ora pra baixo, sempre a dizer "Jo! Jo! Van ech klift!" e a concordar com tudo com a personalidade daqueles cãezinhos na tampa da bagageira-automóvel colados com o nariz ao vidro a dar-a-dar. De vez em quando cruza os dedos arrenganha a tacha e diz as únicas palavras permitidas "bota na minha lista, fuoda-se, porque és tuga e eu tumbém!"
Principais características: é criado em cativeiro em apenas algumas semanas (ou mesmo dias), não precisa de farinha de engorda nem de alpista, não precisa de estar inscrito nos cadernos eleitorais, não precisa de poder votar nele próprio, não precisa de saber distinguir a mão esquerda da direita, não precisa de saber falar luxemburguês ou português. Não precisa sequer de saber falar. Não importa se é dos azuis ou dos vermelhos mas quer comprar um gravata verde para "estar janota" no dia 9. Não faz mal se não sabe dizer o nome do partido e o que este defende nem o que a sigla significa.
Requisitos exigidos: Basta ser trigueiro, baixinho, ter barriga de cerveja, bigode (se for mulher é uma mais-valia!), se possível maçãs de rosto vermelhuscas do "tinto" e saber soletrar aproximadamente "caralho".
Ensinaram-lhe umas habilidades circenses para causar efeito antes do dia 9: abanar a cabecinha ora pra cima ora pra baixo, sempre a dizer "Jo! Jo! Van ech klift!" e a concordar com tudo com a personalidade daqueles cãezinhos na tampa da bagageira-automóvel colados com o nariz ao vidro a dar-a-dar. De vez em quando cruza os dedos arrenganha a tacha e diz as únicas palavras permitidas "bota na minha lista, fuoda-se, porque és tuga e eu tumbém!"
sexta-feira, 16 de setembro de 2005
Morning Café
Se vocês não forem adeptos do SLB e/ou não gostarem que apresentadores de televisão e/ou jornalistas manifestem publicamente as suas preferências clubísticas, protestem e/ou deixem de ver o programa "Morning Café" na M6. O novo pivot atreveu-se, na emissão de ontem, a soltar um sonoro "Viva o Benfica!". Os colegas de emissão mostraram desagrado pelo desvario, achando que ele deveria estar "do lado" do Lille, ao que o moço desabafou: "bah, c’est mon club portugais, alors..."
terça-feira, 13 de setembro de 2005
Nova grelha oxidável
Em Setembro, a Rádio Latrina alterou por completo a sua grelha de programação “face aos novos desafios de um futuro que mais alto se alevanta e vai chegar”, disse visivelmente auto-satisfeito e no seu estilo barrocócó o seu director-geral-principal-mor, Luiz Sem Beira, acompanhado pelo seu fiel director de desprogramação João do Pincel que acrescentou: «Tá tudo completamente diferente: de manhã vamos pôr música portuguesa, à tarde nem por isso, à noite discos pedidos». Anamaria Queque continuará a abrilhantar as manhãs da semana e os sábados ficam à responsabilidade de Carlos com Mel de manhã. Os entardeceres continuam a ser Pedro Espigues ou a Cristina Papalves.
As notícias novas recortadas do jornal continuarão a ser garantidas por Adelino Comes (?), Sérgio Farandoleira e Manuela Bravo...heu… Pereira.
As notícias novas recortadas do jornal continuarão a ser garantidas por Adelino Comes (?), Sérgio Farandoleira e Manuela Bravo...heu… Pereira.
quinta-feira, 1 de setembro de 2005
Adivinha de fim de verão
O Leonardo é um génio. Não o que nasceu em Vinci, que esse também antes de o ser já o era, mas sim o Cohen, que nasceu em Montreal e que de vez em quando trauteia: «o verão está quase no fim, o inverno está a afinar-se, o verão está quase no fim mas há muito que continua para sempre...». O fim do verão é melancólico, mas é saudável e reconfortante ver que há coisas que nunca mudam; há uma porção enorme de anos foi o (então comissário europeu por Portugal) João de Deus Pinheiro a ser confrontado no aeroporto com umas mantas muito quentinhas que tinham sido gamadas do avião da TAP; este verão foi um conhecido empresário tuga no Luxemburgo que tentou fazer uma parecida (e com os mesmos resultados embaraçosos) à Luxair. O Leonardo conclui: «Eu não me posso esquecer, só que não me lembro de quem»
terça-feira, 12 de julho de 2005
Altos voos
Eu gostava de ver os falcões-mensageiros. Sempre gostei de aves de rapina. Ainda em Portugal lia com atençaõ todos os livros ilustrados de aves exóticas e nem por isso. Aqui nunca vi nenhum falcão, nem mensageiro, nem peregrino. Só conheci o Zé Falcão que tinha uma tasca em Differdange mas que já voltou p'rá terra dele em Vouzela ou algo assim.
Mas porque é que eu não vejo os falcões? Talvez porque não ando de autobus. Talvez porque de carro tenha de me concentrar nos fogos e nos pietões, deixando assim o meu espaço aéreo desprotegido.
E no escritório? Bem, lá costumo trabalhar. Não tenho a sorte de certos vermes que passam a vida no escritório a olhar pela janela, a ver os falcões a devorarem ratazanas. E aproveito para lembrar ao Minhoca que entre ele e o falcão há pelo menos duas etapas da cadeia alimentar...
Mas porque é que eu não vejo os falcões? Talvez porque não ando de autobus. Talvez porque de carro tenha de me concentrar nos fogos e nos pietões, deixando assim o meu espaço aéreo desprotegido.
E no escritório? Bem, lá costumo trabalhar. Não tenho a sorte de certos vermes que passam a vida no escritório a olhar pela janela, a ver os falcões a devorarem ratazanas. E aproveito para lembrar ao Minhoca que entre ele e o falcão há pelo menos duas etapas da cadeia alimentar...
segunda-feira, 11 de julho de 2005
Falcão citadino
Pronto: admito que nem tudo é mau nesta cidade. Há pequenos tesouros aqui; um tudo nada afastados dos olhares dos cidadãos, como compete a todo o tesouro, mas eles existem. Numa cidade que, vista de cima, não passa de um amontoado de telhados de todos os tons possíveis de preto e de artérias, das mesmas cores, muradas de objectos de arte arquitectural do século XIX mas salpicadas de autocarros fedorentos em movimento abelheiro, pois numa cidade assim... há falcões!
Que eles existem nas florestas deste país, já não é novidade. Que nas florestas do nosso país rareiem, também não. Mas que surjam sobre um telhado ferrugento de um armazém do Estado — a dois passos da estação ferroviária principal, e de um estaleiro onde se trabalham metais, e de uma unidade de empacotamento de tabaco, e de uma empresa que manipula tintas —, isso já é motivo de espanto. Perdão, de admiração. Melhor: de deslumbramento!
Este falcão-mensageiro (tradução directa) de que falo, meu vizinho de "birú", não só se delicia com ratos e andorinhas no dito telhado como tem casa montada nas águas-furtadas do dito armazém. É um falcão citadino.
(este apontamento é especialmente endereçado ao RR, que acha que eu só aprecio o lado mau desta cidade – também me encantam os falcões citadinos que, como tu e eu, respiram este ar poluído por centenas de autocarros circulando vazios...)
Que eles existem nas florestas deste país, já não é novidade. Que nas florestas do nosso país rareiem, também não. Mas que surjam sobre um telhado ferrugento de um armazém do Estado — a dois passos da estação ferroviária principal, e de um estaleiro onde se trabalham metais, e de uma unidade de empacotamento de tabaco, e de uma empresa que manipula tintas —, isso já é motivo de espanto. Perdão, de admiração. Melhor: de deslumbramento!
Este falcão-mensageiro (tradução directa) de que falo, meu vizinho de "birú", não só se delicia com ratos e andorinhas no dito telhado como tem casa montada nas águas-furtadas do dito armazém. É um falcão citadino.
(este apontamento é especialmente endereçado ao RR, que acha que eu só aprecio o lado mau desta cidade – também me encantam os falcões citadinos que, como tu e eu, respiram este ar poluído por centenas de autocarros circulando vazios...)
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