terça-feira, 21 de outubro de 2003

Prazeres e proibições.

A vaga antitabagista veio trazer para a praça pública o debate sobre os prazeres e as proibições. O tabaco, a velocidade na estrada e o álcool são alguns dos prazeres que os políticos nos vão tirando todos os dias. Ontem, um grupo de fumadores franceses queimaram os cartões de eleitor argumentando que ninguém no actual espectro político os defende. No Reino Unido, onde todas as razões são boas para gozar com os franceses, um colunista afirmava este fim-de-semana que o vinho devia ser proibido, já que provoca o mesmo tipo de rombos nas caixas de previdência. Claro que em França, dizia, "esta medida nunca chegará sequer a ser discutida no parlamento, mas pode ser que um dia algums cientista britânico consiga provar que há queijos que são mais cancerígenos do que inalar o fumo de pneus queimados".
Entre humor e desespero as reacções à proibições são cada vez mais generalizadas. Depois queixem-se os partidos e os políticos que a abstenção aumenta e que fenómenos populistas assolam as democracias europeias. Eu não me revejo numa socieade como aquela que estamos a criar. Como dizia o jovem liceal de Paris: "entre o tabaco e o haxixe, agora sai mais barato comprar erva". A asseptização da sociedade faz-me pensar cada vez mais que Orwell só se enganou por antecipação, mas o futuro provará infelizmente que o escritor que imaginou o Big Brother tinha razão.

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