E disse amo-te mas não sei se me ouviste, e nesse momento, à medida que a noite chegava ao fim e eu tentava adormecer, senti pela primeira vez que a vida passava em mim. E senti a corrente, o ruído que o sangue faz ao passar-nos nas veias, senti que a vida pode ser algo de concreto, físico, que nos ocupa, que cria um sentimento supremo de existência material.
Quarto escuro, 5h36 da manhã. Frio. O momento de união entre almas que deveriam partilhar a vida. Não me respondeste, não me respondas. É a tranquilidade do teu sono que me diz que tenho uma vida. Contigo.
Adormeço. Sonho. Contigo.
Existirá morte para além da vida?
Existo eu, a vida que vive em mim. A felicidade de saber que existo. Contigo.
O medo de perder não existe. Não te posso perder, és minha como a vida que vive em mim. Não existo sem vida, não existo sem ti. E estou contigo. E vivo.
E os sofrimentos remotos. Ousei fechar os olhos, arrisquei perder a vida que nesse momento existia em mim. E sonhei.
Sonhei que a minha vida seria sempre assim, finalmente real, finalmente elevada a um estado insensível aos sentimentos menores.
Acordei. Olhei. Admirei. Beijei.
E senti que a vida continuava.
terça-feira, 9 de dezembro de 2003
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