segunda-feira, 22 de setembro de 2003

Como uns loucos

Hoje o jornal - e o telejornal da 5 de Outubro, esse farol do panorama televisivo, também vai pegar no caso - tem uma notícia macabramente interessante: um tipo meteu-se na A3 (não a que vai para Metz, felizmente, mas sim ali perto de Ponte de Lima) em contramão, andou mais de vinte (20) km em contramão, e espatifou-se de frente contra outro carro, matando-se a ele e aos outros três infelizes. O tipo em contramão, por acaso e apenas por acaso, tinha 73 anos. A BT afirmou sobre o caso que acontecem "esporadicamente" situações com idosos "que se enganam e invertem o sentido de marcha na auto-estrada para depois sair dela". Isso descansa-me, porque eu também só vou esporadicamente a Portugal e logo seria preciso muito azar para que o meu esporadicamente encontrasse o esporadicamente de um velhadas qualquer que me mandasse para o inferno. Ou não era?
Quando eu for velho, velho a sério, é que vou curtir. Cego de um olho, com cataratas no outro, surdo como uma porta de tantos concertos dos Queens of the Stone Age, joanetes nos joelhos, curvado no assento na única posição em que a coluna não me dói, com o cérebro todo esburacado de Alzh... como é que se chama aquela doença mesmo?, incontinente e a cada segundo na iminência de ter um ataque cardíaco, é mesmo nessa altura que eu vou andar a abrir. Ao volante do meu turbodiesel - o último do planeta, nessa altura - vou rir-me do sinal "60" que limita a velocidade na auto-estrada (construída nos anos 1950) em que conduzo, fazer inversões de marcha a cada área de serviço e mostrar o meu manguito às brigadas de trânsito aerotransportadas, ocupadas a mandar para a prisão mais um tipo com bons reflexos, máquina segura e milhares de km no currículo que ia COMO UM LOUCO a 121 km/h. Que é que querem?, eu sou velhote... ganhei o direito vitalício a conduzir, conheço pessoalmente vários políticos, e são as vossas multas que vão pagar o tratamento da minha artrite no hospital de Palma de Maiorca. Obrigadinho.

Sem comentários: